Mesmo o espinafre deixa pegada de carbono



Este artigo é do jornal The New York Times onde a Folha de São Paulo traduz e distribuiu semanalmente.
Ë uma matéria bem interessante que ilustra os impactos ambientes que causamos ao meio ambiente e que passa despercebido para muitos de nós.

Quando os líderes mundiais se reunirem em Copenhague para discutir as mudanças climáticas, dentro de algumas semanas, a ênfase maior será sobre as emissões de gases de usinas elétricas, fábricas e automóveis.
Ao lado dessas questões, porém, ambientalistas têm manifestado preocupação com outro aspecto do comportamento humano: não o que aquecemos, mas o que comemos.
Tudo o que diz respeito aos alimentos, desde sua produção até seu transporte e compra, está passando por escrutínio.
No mês passado, no Brasil, o Greenpeace persuadiu quatro dos maiores produtores mundiais de carne a parar de comprar gado criado em áreas recém-desmatadas da Amazônia. A ONG diz que a indústria brasileira de criação de gado é a maior responsável mundial pelo desmatamento, derrubando florestas para criar áreas de pastagem. “No mundo de hoje, alguém que quer ser ator global não pode estar vinculado à derrubada de florestas”, disse ao “New York Times” Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil.
Há também preocupações crescentes com o impacto do transporte de alimentos por longas distâncias —por exemplo, o transporte de peixes e frangos dos EUA à Ásia para serem embalados e então levá-los de volta a supermercados americanos, queimando combustível no caminho. O movimento “locávoro” incentiva as pessoas a comprar alimentos cultivados e produzidos perto de onde vivem. Como escreveu Carrie Cizauskas, leitora do “Times”: “Não coma nada que gastou mais energia para ser transportado que para ser cultivado”.
Alguns bancos de alimentos na Califórnia, que dão comida para pessoas carentes, têm fechado acordos com fazendas próximas para receber frutas e verduras frescas, em vez de aceitar de lojas e atacadistas produtos embalados que sobram ou estão danificados. A motivação é sobretudo de natureza nutricional, relatou o “New York Times”: fornecer alimentos saudáveis a pessoas de baixa renda. Mas a iniciativa também reduz os transportes por longas distâncias.
EUA e Europa também têm falado em optar por produtos locais em seus programas de assistência à África, ajudando a construir fazendas e granjas locais em vez de enviar alimentos desde o outro lado do oceano. “Estamos tentando passar da ajuda emergencial para o desenvolvimento agrícola”, disse PJ Crowley, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Isso pode reduzir o impacto ambiental dos alimentos e a dependência africana da ajuda externa.
É claro que o consumidor individual pode se sentir perdido quando se trata de decifrar as implicações ambientais dos produtos quando vai às compras.
O governo sueco está tentando facilitar esse processo. Um novo sistema de rotulação de alimentos visa estimar o impacto de carbono dos itens que constam de cardápios de restaurantes e de alimentos nas prateleiras de supermercados. O impacto é expresso em quilos de dióxido de carbono por quilo do produto. Também constam dos rótulos fotos de agricultores individuais.
“Somos os primeiros a fazer isso, e, para nós, é toda uma nova maneira de pensar”, disse Ulf Bohman, da Administração de Alimentos da Suécia.
Se o sistema se mostrar eficaz, pode se espalhar para outros países, como aconteceu com os rótulos nutricionais. Assim, talvez no futuro próximo, você possa se assegurar de que a verdura que consome seja realmente verde.

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