Uma vassoura de palha improvisada pelos varredores das ruas do centro de São Paulo acabou proibida por motivos "ambientais".
Desenvolvido pelos próprios varredores para ajudar no dia a dia, o objeto é feito com as folhas secas de palmeiras e coqueiros. De acordo com eles, é mais leve e melhor para varrer as folhas do chão das praças do que a vassoura fornecida pela empresa responsável pela região.
"Só com a vassoura de palha a gente deixava a praça limpa. Até bituca de cigarro dos buracos da calçada ela tirava", afirma Luzinete Ferreira, 44 -que há 20 anos trabalha como varredora e já estava usando a vassoura feita de palha havia cinco anos.
Há três semanas, a vassoura improvisada foi proibida pela Construfert -a empresa contratada pela prefeitura para fazer os serviços de limpeza do centro. O uso da ferramenta não é mais permitido porque, de acordo com a empresa, alguns funcionários estavam arrancando as folhas verdes das árvores, em vez de esperá-las cair.
"Eu não quero em hipótese nenhuma que retirem essas folhas. Tenho consciência da gravidade disso", declara Kepler Scolastico,49, supervisor operacional da Construfert.
O sindicato dos garis de São Paulo diz que não recebeu reclamações por parte dos trabalhadores, mas nas ruas os varredores dizem estar mais cansados por causa dos "vassourões" que são fornecidos pela empresa.
"Eu reconheço que tinha um pessoal aí que pegava as folhas verdes, mas esse vassourão é horrível! Cansa muito o ombro e não dá pra fazer o serviço direito", afirma Maria José Soares, 51, cinco anos na limpeza urbana.
Para Maria Goreti, 23, dois anos como varredora, a ausência da vassoura de palha será sentida não somente pelos trabalhadores da limpeza urbana. "As crianças achavam engraçado a gente em uma roupa laranja e com uma vassoura de palha. Chamavam a gente de bruxa".
fonte: Folha de São Paulo 11/09/2009
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